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ROI em concursos públicos: como medir o retorno do investimento

Aprenda a calcular o ROI real em concursos públicos, considerando todos os custos de participação e probabilidade de sucesso. Guia prático para decisões informadas.

Cálculo de ROI em concursos públicos e análise de rentabilidade

A decisão de participar num concurso público não deve basear-se apenas na adequação técnica da empresa ou no valor aparentemente atrativo do contrato. Cada participação representa um investimento significativo de tempo, recursos humanos e capital financeiro. Compreender e calcular o retorno desse investimento de forma rigorosa transforma a abordagem à contratação pública de reativa em estratégica.

Muitas empresas, especialmente as que iniciam a sua atividade neste mercado, subestimam os custos reais de participação ou sobrestimam as suas probabilidades de sucesso. Esta combinação resulta em participações pouco rentáveis que consomem recursos que poderiam ser investidos noutras oportunidades com melhor retorno. A análise sistemática do ROI esperado permite priorizar esforços nas oportunidades certas.

Este guia apresenta uma metodologia prática para calcular o retorno esperado em concursos públicos, considerando todos os custos envolvidos, as probabilidades reais de sucesso, e os fatores qualitativos que influenciam a decisão final. O objetivo é equipar gestores e empresários com ferramentas para tomar decisões mais informadas sobre onde investir os recursos limitados da empresa.

Os custos reais de participar num concurso

Calcular o ROI começa por identificar todos os custos envolvidos na participação. Estes dividem-se em custos diretos, facilmente quantificáveis, e custos indiretos, frequentemente subestimados mas igualmente impactantes na rentabilidade final.

Os custos diretos mais óbvios incluem as garantias e cauções exigidas pelo procedimento. A caução provisória, embora temporária, imobiliza capital ou gera custos de comissões bancárias ou prémios de seguro. Para um concurso com preço base de 150.000 euros e caução provisória de 3%, são 4.500 euros imobilizados durante todo o período de análise, que pode durar vários meses. Se a empresa usa seguro-caução com prémio de 2% anual, o custo direto é de cerca de 90 euros por cada mês de procedimento.

Documentação e certidões representam outro custo direto frequente. Obter certidões fiscais e de segurança social atualizadas, certificados de registo comercial, comprovativos de inscrição no RCBE, declarações bancárias, certificados de qualidade ou outros documentos exigidos pode custar entre 50 e 300 euros por concurso, dependendo dos requisitos específicos.

Deslocações e logística material acrescentam custos quando o concurso exige visitas ao local, reuniões presenciais de esclarecimentos, ou entregas físicas de documentação. Mesmo em procedimentos completamente digitalizados, podem existir custos de certificação digital, submissão através de plataformas específicas, ou envio de documentos complementares.

Os custos indiretos, embora menos visíveis, são frequentemente os mais significativos. O tempo investido pela equipa na análise do caderno de encargos, preparação da proposta técnica, elaboração da proposta financeira, e compilação de documentação representa custo de oportunidade considerável. Se um gestor comercial sénior dedica 40 horas à preparação de uma proposta complexa, e o seu custo hora para a empresa é 50 euros, estamos a falar de 2.000 euros de custo de mão-de-obra interna.

Consultoria técnica ou jurídica para análise de cláusulas contratuais complexas, elaboração de propostas técnicas especializadas, ou verificação de conformidade legal acrescenta custos que podem variar entre 500 e 5.000 euros, dependendo da complexidade do concurso e da necessidade de especialização externa.

Custos administrativos internos, como tempo de secretariado para preparação de documentos, recursos de IT para submissões digitais, impressões e encadernações quando necessárias, representam custos que, embora individualmente pequenos, acumulam significativamente quando a empresa participa regularmente em múltiplos concursos.

Calculando o valor esperado do contrato

Após identificar os custos, o passo seguinte é estimar o valor esperado do contrato caso a empresa seja bem-sucedida. Este cálculo não é simplesmente o valor total do contrato, mas sim a margem líquida esperada após dedução de todos os custos de execução.

O valor nominal do contrato é o preço que a empresa oferecerá na sua proposta. Para concursos onde o critério de adjudicação é exclusivamente o preço mais baixo, existe pressão competitiva para oferecer valores próximos do custo, reduzindo margens. Em concursos com critérios qualitativos, pode haver mais espaço para margens superiores, mas isto depende da capacidade de diferenciação técnica da empresa.

Os custos de execução incluem materiais, mão-de-obra direta, subcontratações, logística, seguros específicos do contrato, e outros custos operacionais diretos. Para um contrato de fornecimento de equipamento informático de 100.000 euros, se os custos de aquisição, entrega e instalação totalizarem 75.000 euros, a margem bruta é de 25.000 euros. No entanto, este não é ainda o lucro líquido.

Custos indiretos de execução como gestão de projeto, controlo de qualidade, reporting à entidade adjudicante, resolução de problemas durante a execução, e gestão administrativa do contrato consomem recursos internos. Para contratos complexos ou de longa duração, estes custos podem representar entre 5% e 15% do valor contratual.

Riscos de execução devem ser considerados no cálculo do valor esperado. Atrasos na entrega de materiais, problemas de qualidade, alterações de requisitos pela entidade adjudicante, ou litígios sobre a interpretação de cláusulas contratuais podem gerar custos imprevistos. Incorporar uma reserva para contingências de 5% a 10% da margem prevista é prudente em mercados onde a empresa tem menos experiência.

O timing de pagamentos impacta o valor presente líquido do contrato. Contratos públicos em Portugal têm tipicamente prazos de pagamento de 30 a 60 dias após faturação, mas podem existir atrasos administrativos. Se a empresa precisa de financiar a execução antes de receber pagamento, os custos financeiros devem ser deduzidos ao valor esperado. Para um contrato de 150.000 euros executado em três meses e pago dois meses após conclusão, se a empresa precisa de financiar 100.000 euros a uma taxa de 6% anual, o custo financeiro é de aproximadamente 2.500 euros.

O resultado destes cálculos é a margem líquida esperada do contrato, o verdadeiro “retorno” que serve de base ao cálculo do ROI. Usando o exemplo anterior de um contrato de 100.000 euros com margem bruta de 25.000 euros, depois de deduzir 10.000 euros de custos indiretos de execução, 1.500 euros de contingências, e 1.500 euros de custos financeiros, a margem líquida esperada é de 12.000 euros.

Estimando a probabilidade de sucesso

O ROI esperado não depende apenas dos custos e do retorno potencial, mas também da probabilidade de efetivamente ganhar o concurso. Uma oportunidade com margem elevada mas probabilidade de sucesso de 5% pode ter ROI esperado inferior a uma oportunidade com margem menor mas probabilidade de 40%.

A taxa de sucesso histórica da empresa em concursos similares é o ponto de partida mais fiável. Se a empresa participou em 20 concursos no mesmo setor e ganhou 6, a taxa de sucesso histórica é de 30%. Este valor deve ser ajustado conforme características específicas do concurso em análise, mas fornece uma base empírica realista.

Empresas sem histórico significativo podem usar benchmarks sectoriais. Em geral, taxas de sucesso em contratação pública portuguesa variam entre 10% e 40%, dependendo do sector, tipo de procedimento, e nível de especialização. Concursos altamente técnicos com poucos concorrentes qualificados tendem a ter taxas de sucesso superiores para empresas competentes. Concursos de commodities com muitos concorrentes tendem a ter taxas inferiores.

Fatores que aumentam a probabilidade de sucesso incluem alinhamento perfeito entre as capacidades da empresa e os requisitos técnicos do concurso, experiência prévia em contratos similares documentável através de certificados de boa execução, relação estabelecida com a entidade adjudicante através de contratos anteriores bem executados, e capacidade de oferecer propostas técnicas diferenciadas em concursos onde o critério não é exclusivamente preço.

Fatores que reduzem a probabilidade incluem concorrência de grandes empresas em concursos onde a escala é vantagem competitiva, requisitos técnicos que a empresa satisfaz marginalmente mas outros concorrentes satisfazem plenamente, critérios de adjudicação que privilegiam experiência prévia que a empresa não possui, e situações onde o caderno de encargos parece elaborado para favorecer um concorrente específico.

A análise da concorrência usando dados históricos do Base.gov.pt permite estimar quantos concorrentes é provável participarem e quem são os players dominantes naquele tipo de contrato. Se os dados mostram que um mesmo fornecedor ganhou os últimos cinco contratos similares daquela entidade, a probabilidade de um novo entrante ter sucesso é naturalmente inferior.

Ajustando a probabilidade base pelos fatores específicos do concurso, a empresa chega a uma estimativa razoável. Por exemplo, taxa base de 30%, ajustada para +10% devido a alinhamento técnico perfeito, mas -5% devido a concorrência esperada de incumbente forte, resulta numa probabilidade estimada de 35%.

Fórmula do ROI esperado em concursos

Com os custos totais de participação, a margem líquida esperada do contrato, e a probabilidade de sucesso estimada, podemos calcular o ROI esperado usando uma fórmula simples mas poderosa.

A fórmula básica é: ROI Esperado = (Probabilidade Sucesso × Margem Líquida - Custo Participação) / Custo Participação × 100%. Esta fórmula incorpora o risco de não ganhar o concurso, ponderando o retorno potencial pela probabilidade de o concretizar.

Usando um exemplo concreto, considere um concurso com as seguintes características: valor contratual de 120.000 euros, margem líquida esperada de 15.000 euros se ganhar, custo de participação de 3.500 euros, e probabilidade de sucesso estimada em 35%. Aplicando a fórmula: ROI Esperado = (0,35 × 15.000 - 3.500) / 3.500 × 100% = (5.250 - 3.500) / 3.500 × 100% = 50%.

Este resultado significa que, considerando o risco de não ganhar, o investimento de 3.500 euros na participação tem um retorno esperado de 50%. Se a empresa participar em 10 concursos similares, espera-se que ganhe aproximadamente 3 ou 4, com retorno agregado que justifica o investimento nos que não ganhou.

Comparando oportunidades, a empresa pode usar o ROI esperado para priorizar. Um concurso A com margem de 20.000 euros mas probabilidade de 20% e custos de 5.000 euros tem ROI esperado de -20%: (0,20 × 20.000 - 5.000) / 5.000 × 100% = -20%. Um concurso B com margem de 10.000 euros mas probabilidade de 60% e custos de 2.000 euros tem ROI esperado de 200%: (0,60 × 10.000 - 2.000) / 2.000 × 100% = 200%. Claramente, o concurso B é prioridade superior apesar da margem absoluta inferior.

O limiar de ROI esperado para participação depende dos custos de oportunidade da empresa. Se os recursos investidos em concursos públicos poderiam gerar retornos de 30% em clientes privados, o ROI esperado em concursos públicos deveria superar 30% para justificar o investimento. Empresas especializadas em contratação pública podem aceitar limiares inferiores, enquanto empresas diversificadas exigem retornos superiores para compensar a especialização requerida.

Fatores qualitativos na decisão

Embora o ROI esperado seja ferramenta poderosa, a decisão final deve considerar também fatores qualitativos que não se capturam facilmente em fórmulas numéricas mas que influenciam significativamente o valor estratégico de participar num concurso.

O valor de referência e aprendizagem é particularmente relevante para empresas que estão a iniciar atividade em contratação pública ou a entrar num novo segmento. Ganhar o primeiro contrato com uma grande autarquia ou num setor estratégico como saúde cria referências que facilitam participações futuras. Este valor pode justificar aceitar ROI esperado inferior nos primeiros concursos.

A construção de relação com entidades adjudicantes estratégicas representa valor de longo prazo. Mesmo perdendo um concurso, se a proposta foi competitiva e demonstrou capacidade técnica, a empresa fica no radar dessa entidade para oportunidades futuras. Este networking institucional é particularmente valioso em mercados onde as mesmas entidades lançam regularmente concursos similares.

O desenvolvimento de capacidades internas resulta de cada participação. A equipa aprende a analisar cadernos de encargos com mais eficiência, a preparar propostas técnicas mais competitivas, e a compreender melhor os critérios de adjudicação típicos do sector. Este efeito de curva de aprendizagem significa que os custos de participação tendem a diminuir e as probabilidades de sucesso a aumentar ao longo do tempo, melhorando o ROI esperado em participações futuras.

O timing estratégico pode influenciar a decisão independentemente do ROI esperado numérico. Se a empresa tem capacidade operacional ociosa num determinado período e não existem alternativas de emprego desses recursos, participar num concurso com ROI esperado moderado pode fazer sentido. Inversamente, se a empresa está em período de elevada carga de trabalho, pode rejeitar oportunidades com bom ROI esperado porque não tem capacidade de executar adequadamente mesmo que ganhe.

Considerações de diversificação de carteira também importam. Uma empresa muito dependente de poucos grandes clientes pode valorizar aceder ao mercado público como estratégia de redução de risco, aceitando ROI esperado ligeiramente inferior em troca de maior estabilidade e diversificação de receitas. O valor estratégico desta diversificação não aparece no cálculo de ROI individual de cada concurso.

Quando rejeitar oportunidades

Saber quando não participar é tão importante quanto identificar as melhores oportunidades. Rejeitar concursos inadequados preserva recursos para investir onde o retorno esperado é superior, uma decisão que muitas empresas têm dificuldade em tomar devido ao receio de “perder oportunidades”.

ROI esperado negativo é motivo claro para rejeição. Se o cálculo mostra que, mesmo considerando a probabilidade de ganhar, o retorno esperado não cobre os custos de participação, não faz sentido prosseguir a menos que existam razões estratégicas excepcionais como as discutidas anteriormente. Muitas empresas, especialmente em fase inicial, participam em demasiados concursos com ROI esperado negativo ou marginalmente positivo.

Desalinhamento significativo entre requisitos técnicos e capacidades da empresa é sinal de alerta. Se o caderno de encargos exige experiência ou certificações que a empresa não possui, ou especificações técnicas que satisfaz apenas parcialmente, a probabilidade de sucesso é muito baixa. Participar nestas condições consome recursos que poderiam ser aplicados em oportunidades mais adequadas.

Critérios de adjudicação que desfavorecem claramente o perfil da empresa sugerem baixa probabilidade de sucesso. Se os critérios atribuem 70% do peso à experiência prévia em contratos idênticos e a empresa não tem esse histórico, mesmo uma proposta técnica e financeira competitiva terá dificuldade em vencer. Analisar cuidadosamente os critérios definidos no caderno de encargos antes de investir na preparação detalhada da proposta poupa recursos.

Prazos de preparação insuficientes comprometem a qualidade da proposta e reduzem a probabilidade de sucesso. Se o concurso foi descoberto tarde e resta apenas uma semana para preparar uma proposta complexa que normalmente requereria três semanas, a empresa enfrenta a escolha entre não participar ou participar com proposta subótima. Frequentemente, a primeira opção é mais sensata.

Sinais de que o concurso pode estar “direccionado” para um concorrente específico devem ser ponderados. Quando o caderno de encargos inclui requisitos muito específicos que apenas uma ou duas empresas no mercado satisfazem, especificações técnicas que parecem copiadas de catálogos de um fornecedor particular, ou a análise de histórico de adjudicações mostra padrão consistente de adjudicação ao mesmo fornecedor sem justificação óbvia, a probabilidade de sucesso de um novo entrante é reduzida.

Otimizando custos de preparação

Uma vez decidido participar num concurso com ROI esperado atrativo, o passo seguinte é otimizar os custos de preparação para maximizar o retorno real. Reduzir custos sem comprometer qualidade da proposta melhora diretamente o ROI.

Reutilização de conteúdos de propostas anteriores é a estratégia mais eficaz. Manter uma biblioteca organizada de secções técnicas, descrições de capacidades, certificados, currículos de equipa, metodologias, e outros conteúdos permite montar propostas para novos concursos com muito menos esforço. A primeira proposta num novo sector pode requerer 40 horas de trabalho, mas a quinta pode requerer apenas 15 horas se os conteúdos forem adequadamente sistematizados.

Templates padronizados para estrutura de propostas, formatação, e apresentação aceleram a preparação e asseguram consistência profissional. Em vez de começar cada proposta do zero, a equipa parte de um template que já inclui a estrutura típica esperada em concursos públicos, formatação adequada, e placeholders para as secções específicas de cada concurso.

Automação de tarefas repetitivas usando tecnologia reduz significativamente o tempo investido. Ferramentas que automatizam a extração de requisitos de cadernos de encargos, geram tabelas comparativas de conformidade, ou preenchem automaticamente informação empresarial standard poupam horas de trabalho administrativo. A tecnologia de IA especializada em contratação pública pode analisar um caderno de encargos de 200 páginas em minutos, identificando os requisitos críticos e prazos essenciais.

Processos internos otimizados estabelecem workflows claros para preparação de propostas. Definir quem é responsável por cada componente, estabelecer prazos internos com margem antes da submissão final, e implementar revisões faseadas em vez de apenas uma revisão final reduz retrabalho e melhora eficiência. Uma proposta preparada de forma desorganizada e apressada nos últimos dias antes do prazo é sempre mais custosa que uma preparada sistematicamente.

Investimento estratégico em capacitação permite à equipa trabalhar mais eficientemente. Formação sobre interpretação de cadernos de encargos, redação técnica eficaz, ou uso de ferramentas de automação pode ter custo inicial mas reduz significativamente os custos por proposta ao longo do tempo. Uma equipa experiente prepara propostas em metade do tempo que uma equipa sem experiência.

Medindo o ROI real após adjudicação

Após ganhar um concurso e executar o contrato, medir o ROI real permite à empresa aprender e melhorar as suas estimativas para participações futuras. Este ciclo de aprendizagem é essencial para desenvolver capacidade de previsão cada vez mais precisa.

Registar todos os custos efetivos de participação, incluindo tempo da equipa, custos de documentação, garantias, consultoria, e quaisquer outros custos incorridos, permite comparar com as estimativas iniciais. Desvios significativos indicam áreas onde as estimativas precisam de ajuste ou onde existem oportunidades de otimização.

Acompanhar a margem líquida real do contrato executado versus a margem estimada revela a precisão do planeamento financeiro. Se sistematicamente a margem real é inferior à estimada, a empresa pode estar a subestimar custos de execução, a enfrentar problemas de qualidade que geram retrabalho, ou a ter dificuldades com gestão de alterações durante a execução.

Calcular o ROI real usando a fórmula: ROI Real = (Margem Líquida Real - Custo Participação Real) / Custo Participação Real × 100%. Comparar este valor com o ROI esperado inicialmente calculado mostra a precisão das estimativas. Por exemplo, se o ROI esperado era 80% mas o ROI real foi 120%, a empresa foi conservadora nas estimativas ou executou excepcionalmente bem. Se o ROI esperado era 80% mas o real foi 30%, existem problemas a resolver.

Analisar os fatores que causaram desvios fornece insights valiosos. Custos de participação superiores ao estimado podem resultar de processos ineficientes que requerem otimização. Margens inferiores podem indicar problemas de pricing, de controlo de custos durante a execução, ou de gestão de riscos. Identificar padrões ao longo de múltiplos contratos permite intervenções sistémicas.

Ajustar os modelos de estimativa com base no histórico real melhora progressivamente a precisão. Se os dados mostram que os custos de participação são consistentemente 20% superiores às estimativas, as estimativas futuras devem incorporar este fator. Se determinados tipos de contrato sistematicamente entregam margens 30% inferiores ao estimado, este padrão deve informar decisões futuras sobre participar em concursos similares.

Ferramentas de análise e decisão

Implementar ferramentas estruturadas para análise de ROI transforma este processo de ad-hoc em sistemático, permitindo decisões mais rápidas e consistentes à medida que a empresa avalia múltiplas oportunidades simultaneamente.

Spreadsheets de avaliação padronizadas capturam todos os elementos necessários ao cálculo: campos para custos de participação detalhados por categoria, estimativa de margem líquida esperada, probabilidade de sucesso estimada e sua justificação, e cálculo automático de ROI esperado. Ter este template agiliza a análise de cada nova oportunidade.

Scoring ponderado de fatores qualitativos complementa a análise numérica de ROI. Criar uma grelha que atribui pontos a fatores como alinhamento estratégico, valor de referência, potencial de relacionamento com a entidade, e desenvolvimento de capacidades permite comparar oportunidades de forma mais holística. O scoring qualitativo combinado com o ROI esperado quantitativo fornece base robusta para decisão.

Bases de dados históricas de participações anteriores permitem análise de padrões. Registar cada concurso em que a empresa participou, com características do concurso, custos de participação, resultado, e ROI real quando aplicável, cria um repositório de aprendizagem. Queries simples podem responder perguntas como “qual a nossa taxa de sucesso em concursos da categoria X?” ou “qual o ROI médio real em contratos com entidades do tipo Y?”.

Dashboards visuais facilitam a monitorização de métricas agregadas. Gráficos mostrando evolução da taxa de sucesso ao longo do tempo, ROI médio por tipo de concurso, custos médios de participação, e outras métricas relevantes permitem à gestão identificar tendências e tomar decisões estratégicas sobre onde focar esforços de desenvolvimento de capacidades ou prospeção de oportunidades.

Ferramentas especializadas em monitorização de concursos públicos podem integrar funcionalidades de avaliação de oportunidades, alertando automaticamente quando surgem concursos que satisfazem critérios predefinidos de ROI esperado mínimo, reduzindo o esforço de prospecção e garantindo que a empresa não perde oportunidades alinhadas com a sua estratégia.

Conclusão: decisões informadas aumentam sucesso

O cálculo rigoroso do ROI esperado em concursos públicos transforma a participação em contratação pública de um exercício de tentativa e erro num processo estratégico e baseado em dados. Empresas que dominam esta análise concentram recursos nas oportunidades certas, rejeitam as inadequadas sem hesitação, e ao longo do tempo desenvolvem vantagem competitiva através de eficiência operacional superior.

A metodologia apresentada neste guia não é complexa, mas requer disciplina na recolha de dados, honestidade na estimativa de probabilidades, e rigor na consideração de todos os custos relevantes. A tentação de sucumbir a otimismo excessivo ou de ignorar custos indiretos leva sistematicamente a decisões pobres que comprometem a rentabilidade.

Integrar a análise de ROI com compreensão profunda dos procedimentos, análise competitiva sofisticada, e preparação eficiente de propostas cria um sistema completo de gestão de participação em contratação pública. Cada componente reforça os outros, e o resultado é uma taxa de sucesso superior à média do mercado e retornos que justificam claramente o investimento.

A medição contínua do ROI real e o ajuste dos modelos de estimativa com base na experiência acumulada fecham o ciclo de aprendizagem. Empresas que implementam este processo de melhoria contínua tornam-se progressivamente mais eficientes e eficazes, transformando a contratação pública numa fonte sustentável e previsível de crescimento rentável.

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