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Sustentabilidade em contratação pública: a nova prioridade

Como os critérios de sustentabilidade e responsabilidade social estão a moldar os concursos públicos. Guia completo sobre contratação pública verde em Portugal.

Sustentabilidade e critérios ambientais em contratação pública

A contratação pública europeia está a atravessar uma transformação profunda, impulsionada pela crescente priorização de critérios de sustentabilidade ambiental e responsabilidade social. O que até há poucos anos eram considerados fatores secundários ou opcionais está rapidamente a tornar-se requisito central em concursos públicos de todos os sectores e valores.

Esta mudança não é acidental nem temporária. Reflecte compromissos políticos ao mais alto nível, desde o Pacto Ecológico Europeu até às estratégias nacionais de descarbonização e economia circular. Para empresas que participam em contratação pública, esta evolução cria simultaneamente desafios e oportunidades significativas que exigem resposta estratégica.

Compreender esta nova realidade, as suas origens regulamentares, os critérios concretos que estão a ser implementados, e as certificações que conferem vantagem competitiva é essencial para empresas que pretendem manter ou expandir a sua presença no mercado de contratos públicos nos próximos anos.

O enquadramento europeu da contratação verde

A União Europeia estabeleceu objectivos ambiciosos de redução de emissões e transição para economia circular, e identificou a contratação pública como alavanca estratégica para alcançar estes objectivos. Com aproximadamente 14% do PIB europeu investido anualmente em contratos públicos, o poder de compra do sector público pode direccionar mercados inteiros para práticas mais sustentáveis.

As Directivas de Contratação Pública de 2014 (Directivas 2014/24/UE e 2014/25/UE) já incorporavam explicitamente a possibilidade de considerar critérios ambientais, sociais e de inovação. Estas directivas, transpostas para o direito português através do Código de Contratação Pública, criaram o quadro legal que permite, e em muitos casos incentiva, a integração de considerações de sustentabilidade nos procedimentos.

O Pacto Ecológico Europeu, apresentado em 2019, reforçou dramaticamente esta agenda ao estabelecer metas de neutralidade carbónica para 2050 e reduções intermédias substanciais. A Comissão Europeia adoptou critérios mínimos obrigatórios de contratação verde para determinadas categorias de produtos e serviços, e encoraja os Estados-membros a irem além destes mínimos.

Em Portugal, o Plano Nacional Energia e Clima 2030 e a Estratégia Nacional para a Economia Circular identificam a contratação pública sustentável como eixo de acção prioritário. Diversas entidades adjudicantes portuguesas, particularmente ao nível central e das grandes autarquias, adoptaram políticas internas de priorização de critérios verdes que vão além das obrigações legais mínimas.

Este enquadramento significa que, independentemente das convicções individuais sobre questões ambientais, as empresas que participam em concursos públicos enfrentam realidade objectiva: critérios de sustentabilidade estão progressivamente presentes em mais procedimentos, com maior peso na avaliação, e esta tendência intensificar-se-á nos próximos anos.

Critérios ambientais mais comuns em concursos

Os critérios de sustentabilidade manifestam-se em concursos públicos através de diferentes mecanismos, desde requisitos mínimos de habilitação até factores de ponderação significativa na adjudicação. Conhecer os critérios mais frequentes permite às empresas prepararem-se adequadamente.

Eficiência energética é provavelmente o critério ambiental mais disseminado, particularmente em contratos relacionados com equipamentos, edifícios ou veículos. Um concurso para fornecimento de computadores pode exigir classificação energética mínima; para obras de reabilitação, níveis específicos de eficiência térmica; para frotas de veículos, limites de emissões ou percentagens mínimas de veículos eléctricos.

Gestão de resíduos e economia circular aparecem frequentemente em contratos de obras, serviços de limpeza e fornecimento de bens. Podem incluir obrigações de reciclagem de determinadas percentagens de resíduos, utilização de materiais reciclados na execução, design de produtos para longevidade e reparabilidade, ou sistemas de devolução e reutilização.

Pegada carbónica está a emergir como critério em contratos de maior valor ou visibilidade política. Pode exigir cálculo e reporte de emissões associadas à produção, transporte e utilização de bens ou serviços, com eventual valorização de propostas com menores emissões ou com planos credíveis de compensação carbónica.

Certificações e rótulos ecológicos são frequentemente usados como forma simplificada de verificar conformidade ambiental. Rótulos como o Rótulo Ecológico da UE (EU Ecolabel), Energy Star, ou certificações ISO 14001 (gestão ambiental) podem ser mencionados nos cadernos de encargos como comprovativo de satisfação de requisitos.

Origem e cadeia de abastecimento sustentável ganham relevância em sectores específicos. Contratos de fornecimento alimentar podem exigir percentagens de produtos locais, biológicos ou com certificação de comércio justo. Contratos de têxteis ou mobiliário podem requerer garantias sobre origem sustentável de matérias-primas.

Químicos e substâncias perigosas são objecto de restrições crescentes. Produtos de limpeza, materiais de construção, equipamentos eléctricos e outros bens estão sujeitos a exigências de ausência ou limitação de substâncias específicas consideradas prejudiciais à saúde ou ambiente.

A diversidade destes critérios significa que a preparação para contratação sustentável não pode ser genérica. Empresas devem avaliar quais critérios são relevantes para os sectores onde competem e desenvolver capacidades específicas nessas áreas.

Certificações que conferem vantagem competitiva

Face à complexidade de avaliar directamente o desempenho ambiental de propostas, muitas entidades adjudicantes recorrem a certificações reconhecidas como indicadores de conformidade ou superioridade em critérios de sustentabilidade. Deter certificações relevantes pode conferir vantagem significativa em concursos onde estes critérios têm peso.

A certificação ISO 14001 para sistemas de gestão ambiental é talvez a mais valorizada transversalmente a todos os sectores. Demonstra que a empresa implementou processos sistemáticos de identificação, gestão e melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Embora não garanta resultados ambientais específicos, a certificação comprova compromisso organizacional estruturado com a questão.

Certificações sectoriais específicas têm frequentemente maior impacto que certificações genéricas. No sector da construção, certificações como LEED ou BREEAM para edifícios sustentáveis, ou sistemas de gestão de segurança e ambiente em obras, são altamente relevantes. Na área florestal e papel, FSC ou PEFC certificam gestão sustentável. Em têxteis, GOTS ou Oeko-Tex Standard 100 atestam produção ecológica.

Rótulos ecológicos tipo I, definidos pela norma ISO 14024, incluindo o EU Ecolabel europeu e rótulos nacionais equivalentes, certificam que produtos específicos satisfazem critérios ambientais rigorosos ao longo do ciclo de vida. Para empresas que fornecem produtos cobertos por estes rótulos, a certificação pode ser quase requisito em determinados concursos.

Certificações de pegada carbónica, como a ISO 14064 para quantificação e verificação de emissões de gases com efeito de estufa, ou a PAS 2060 para neutralidade carbónica, estão a ganhar relevância em sectores onde as emissões são preocupação central. Permitem demonstrar não apenas compromisso retórico mas quantificação verificada de impacto.

Certificações sociais complementam as ambientais em visão ESG mais abrangente. SA 8000 para responsabilidade social, ISO 26000 para responsabilidade social organizacional, ou certificações de comércio justo podem ser valorizadas em concursos onde critérios sociais têm peso significativo.

O investimento em certificações deve ser estratégico. Obter certificações custosas que não são relevantes para os concursos onde a empresa compete representa desperdício de recursos. A análise de oportunidades de mercado deve incluir mapeamento de certificações frequentemente exigidas ou valorizadas nos sectores alvo.

Economia circular em procurement público

O conceito de economia circular, que propõe transitar de modelo linear “extrair-produzir-usar-descartar” para sistema regenerativo onde materiais e produtos circulam o máximo tempo possível, está progressivamente a informar a concepção de contratos públicos.

Contratos orientados para resultados em vez de especificações tradicionais são uma manifestação desta abordagem. Em vez de adquirir equipamento, a entidade pública contrata função ou serviço, incentivando o fornecedor a optimizar durabilidade e eficiência. Por exemplo, contratar iluminação como serviço em vez de comprar luminárias, ou mobilidade em vez de veículos. O fornecedor mantém propriedade dos activos e interesse em maximizar vida útil.

Especificações que privilegiam durabilidade, reparabilidade e modularidade sobre preço inicial mínimo estão a aparecer em diversos sectores. Um concurso para mobiliário pode exigir garantias alargadas, disponibilidade de peças de substituição durante determinado período, e design que facilite reparação. Equipamentos electrónicos podem ser avaliados pela possibilidade de upgrade e extensão de vida útil.

Sistemas de take-back e responsabilidade estendida do produtor são cada vez mais incorporados em contratos. O fornecedor compromete-se a recolher produtos em fim de vida e assegurar reciclagem adequada, internalizando custos ambientais que tradicionalmente recaíam sobre o sector público ou ambiente.

Valorização de materiais reciclados ou secundários em obras públicas é área de desenvolvimento activo. Especificações técnicas que tradicionalmente exigiam apenas materiais virgens estão a ser revistas para permitir ou incentivar incorporação de percentagens de material reciclado, desde que cumpram normas de desempenho. Isto cria mercado para economia circular de resíduos de construção.

Modelos de partilha e uso optimizado, embora menos comuns, começam a surgir. Contratos para serviços de transporte, espaços ou equipamentos podem incorporar princípios de maximização de taxa de utilização e partilha entre múltiplas entidades, reduzindo necessidade de produção de bens adicionais.

Para empresas habituadas a modelos tradicionais de venda de produtos, a transição para lógicas de economia circular pode exigir reconfiguração significativa de modelo de negócio. No entanto, esta transição abre também oportunidades de diferenciação competitiva e relacionamentos de longo prazo com clientes públicos.

Casos práticos de contratação verde em Portugal

Examinar casos concretos de implementação de critérios de sustentabilidade em procedimentos portugueses ilustra como os princípios abstractos se traduzem em práticas efectivas e que desafios surgem na execução.

A Câmara Municipal de Lisboa adoptou política de contratação verde que abrange múltiplos sectores. Em contratos de fornecimento de papel, exige certificação FSC ou equivalente e mínimo de 50% de fibra reciclada. Para frota municipal, estabeleceu objectivos de electrificação progressiva e critérios de avaliação que ponderam emissões de CO2 com peso significativo relativamente ao preço. Em contratos de edifícios, especificações técnicas privilegiam soluções de elevada eficiência energética mesmo quando implicam custos iniciais superiores, através de análise de custo de ciclo de vida.

No sector da saúde, diversos hospitais do SNS introduziram critérios ambientais em contratos de fornecimento de produtos alimentares, privilegiando fornecedores locais e produção biológica até limites compatíveis com orçamentos. Contratos de serviços de limpeza incluem frequentemente exigências de produtos de limpeza com rótulo ecológico e sistemas de minimização de desperdício de água.

Universidades públicas, posicionando-se como instituições pioneiras em sustentabilidade, lançaram concursos com critérios ambientais particularmente exigentes. Casos incluem contratos de energia com exigência de origem 100% renovável certificada, concursos para edifícios novos com requisitos de certificação LEED ou BREEAM nível elevado, e contratos de gestão de resíduos com metas ambiciosas de reciclagem e economia circular.

O sector dos transportes públicos apresenta exemplos de grande escala. Concursos para renovação de frotas de autocarros em diversas cidades incorporaram critérios estritos de emissões, com ponderação elevada de soluções eléctricas ou a gás natural. Embora o investimento inicial seja superior, a análise de custo total de propriedade justifica estas opções quando horizontes temporais adequados são considerados.

Infraestruturas Portugal, em projectos de construção e reabilitação de infraestruturas rodoviárias, introduziu requisitos de incorporação de materiais reciclados em pavimentos e obrigações de gestão de resíduos de construção com taxas de reciclagem específicas. Sistemas de certificação de conformidade durante a execução asseguram que os compromissos ambientais das propostas são efectivamente implementados.

Estes casos demonstram diversidade de abordagens e maturidade variável na implementação. Alguns procedimentos incorporam critérios verdes de forma bem estruturada, com especificações claras e metodologias de verificação adequadas. Outros reflectem learning curve, com critérios por vezes vagos ou métodos de avaliação questionáveis. Para empresas concorrentes, estudar procedimentos anteriores similares através de análise de dados históricos do Base.gov.pt ajuda a antecipar requisitos futuros.

Preparar a empresa para critérios ESG

Face à inevitabilidade do aumento de critérios de sustentabilidade em contratação pública, empresas que competem neste mercado devem desenvolver estratégias de preparação que equilibrem investimento necessário com retorno esperado.

Avaliação do estado atual é ponto de partida essencial. Auditoria interna deve identificar onde a empresa já satisfaz critérios ambientais comuns, onde existem gaps significativos, e que práticas actuais podem constituir passivos ambientais que eventualmente excluiriam a empresa de concursos. Esta avaliação deve ser honesta, não apenas exercício de marketing.

Priorização estratégica de investimentos deve focar áreas onde critérios ambientais são mais frequentes nos segmentos de mercado relevantes para a empresa. Se a empresa compete primordialmente em concursos de autarquias para serviços de limpeza, investir em certificação de produtos de limpeza ecológicos e sistemas de redução de desperdício de água pode ter retorno superior a certificações genéricas menos relevantes para esse sector.

Implementação de sistemas de gestão ambiental, mesmo que inicialmente sem certificação externa, cria base sólida. Processos de identificação de aspectos ambientais significativos, definição de objectivos de melhoria, e monitorização de desempenho preparam a empresa para eventual certificação ISO 14001 e, mais importante, criam capacidade real de gestão de questões ambientais.

Desenvolvimento de capacidade de resposta a requisitos específicos envolve treino de equipas que preparam propostas. Saber onde encontrar dados sobre pegada carbónica de produtos, como calcular emissões associadas a transportes, que fontes credíveis existem para certificações de fornecedores, e como estruturar planos de gestão ambiental para projectos específicos são competências práticas que determinam qualidade de propostas.

Comunicação e documentação adequadas são frequentemente subestimadas. Empresas que implementam boas práticas ambientais mas não documentam adequadamente ou não conseguem comunicar eficazmente em propostas perdem vantagem competitiva. Desenvolver biblioteca de evidências, casos de estudo, e templates de conteúdo ambiental para propostas acelera preparação e melhora qualidade.

Colaboração com cadeia de abastecimento torna-se necessária quando critérios ambientais abrangem não apenas a empresa principal mas também fornecedores e subcontratados. Empresas de maior dimensão com cadeias complexas precisam de sistemas de due diligence ambiental sobre parceiros, particularmente quando contratos exigem garantias sobre origem sustentável ou condições laborais em toda a cadeia.

O investimento em preparação deve ser perspectivado não como custo mas como desenvolvimento de capacidade competitiva crescentemente valorizada. À medida que critérios verdes se tornam mainstream, empresas preparadas ganham vantagem sobre competidores que adiam adaptação.

O futuro da contratação pública sustentável

Projectar a evolução dos critérios de sustentabilidade em contratação pública nos próximos anos permite às empresas antecipar requisitos futuros e posicionar-se adequadamente.

Obrigatoriedade crescente de critérios mínimos em determinadas categorias parece trajectória clara. Categorias onde hoje a incorporação de critérios verdes é opcional ou incentivada tornar-se-ão progressivamente obrigatórias, através de revisões regulamentares europeias e nacionais. Empresas devem assumir que requisitos que hoje concedem vantagem competitiva serão amanhã barreiras à entrada.

Sofisticação metodológica na avaliação de impactos ambientais aumentará. Análise de custo de ciclo de vida (LCC - Life Cycle Cost), que considera não apenas preço de aquisição mas custos operacionais, manutenção e eliminação ao longo da vida útil, será metodologia padrão em mais categorias. Avaliação de ciclo de vida ambiental (LCA - Life Cycle Assessment), que quantifica impactos ambientais desde extração de matérias-primas até fim de vida, começará a informar critérios de adjudicação em contratos de maior valor.

Digitalização e transparência de dados ambientais facilitará verificação e comparação. Passaportes digitais de produtos, blockchain para rastreabilidade de cadeias de abastecimento, e bases de dados europeias de declarações ambientais de produtos (EPDs) reduzirão custos de compliance e dificultarão greenwashing. Empresas que desenvolvam capacidade de reporte digital estruturado estarão melhor posicionadas.

Integração mais holística de dimensões ESG avançará além do foco predominante em ambiente. Critérios sociais, incluindo condições laborais, diversidade e inclusão, e impacto em comunidades locais, ganharão peso. Governance, particularmente transparência e combate à corrupção, já presente em requisitos de compliance, pode tornar-se factor de diferenciação positiva.

Inovação como critério de adjudicação, prevista nas directivas mas ainda raramente usada, pode expandir-se em sectores onde a transição sustentável exige soluções novas. Procedimentos que valorizam propostas inovadoras com potencial de superior desempenho ambiental, mesmo sem track record extenso, criam oportunidades para empresas pioneiras.

A intensificação de requisitos criará pressões competitivas diferenciadas. Empresas que anteciparem e investirem em capacidades ambientais ganharão vantagem. Empresas que resistirem ou adiem adaptação enfrentarão progressiva exclusão de segmentos de mercado. Para PME com recursos limitados, a escolha estratégica será entre especializar-se em nichos onde podem construir credenciais ambientais fortes ou aceitar restrição a segmentos menos exigentes.

Conclusão: sustentabilidade como imperativo estratégico

A integração de critérios de sustentabilidade em contratação pública não é moda passageira nem imposição burocrática arbitrária. Reflecte transformação profunda das prioridades sociais e dos quadros regulamentares que moldarão os mercados nas próximas décadas. Para empresas que dependem significativamente de contratos públicos, ignorar esta realidade não é opção viável.

A boa notícia é que a transição, embora desafiante, é também oportunidade de diferenciação competitiva. Empresas que investem cedo em capacidades ambientais, obtêm certificações relevantes, e desenvolvem competência genuína em práticas sustentáveis posicionam-se vantajosamente relativamente a concorrentes que actuam reactivamente.

A preparação eficaz combina três elementos: conhecimento profundo dos critérios específicos relevantes para os sectores onde a empresa compete, implementação real de melhorias ambientais verificáveis, e capacidade de comunicar eficazmente estas capacidades em propostas competitivas. Nenhum destes elementos isoladamente é suficiente, mas juntos criam vantagem competitiva sustentável.

O futuro da contratação pública será indubitavelmente mais verde. Empresas que reconhecem esta realidade e respondem proactivamente não apenas mantêm acesso ao mercado mas podem expandir oportunidades à medida que concorrentes menos preparados ficam para trás. A sustentabilidade transita de factor opcional a componente essencial da estratégia de participação em contratação pública.

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