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Consórcios em concursos públicos: como unir forças para ganhar

Guia completo sobre consórcios em concursos públicos portugueses. Como formar, vantagens, requisitos legais e estratégias para PMEs aumentarem competitividade.

Empresários a discutir parceria para consórcio em concurso público

Por que considerar um consórcio para concursos públicos

Muitos concursos públicos exigem capacidades que uma única PME dificilmente possui sozinha. Seja volume de negócios mínimo, equipas técnicas especializadas, ou capacidade de execução em múltiplas áreas, os requisitos podem parecer inatingíveis. É aqui que os consórcios se tornam uma ferramenta estratégica poderosa.

Um consórcio, ou agrupamento de empresas como o Código de Contratação Pública o designa, permite que duas ou mais empresas se juntem para apresentar uma proposta conjunta. Cada empresa contribui com as suas competências específicas, e juntas satisfazem requisitos que individualmente não conseguiriam cumprir.

Para PMEs portuguesas, esta é frequentemente a única forma de aceder a contratos de maior dimensão. Em vez de ficarem limitadas a ajustes diretos e concursos pequenos, podem competir com grandes empresas em pé de igualdade.

O que diz a lei sobre consórcios

O CCP regulamenta expressamente a participação de agrupamentos de empresas em procedimentos de contratação pública. Os artigos relevantes estabelecem regras claras sobre como estes agrupamentos podem formar-se e concorrer.

Requisitos fundamentais

O agrupamento não precisa de constituir uma nova entidade jurídica para concorrer. As empresas mantêm a sua independência legal e fiscal. Basta apresentarem declaração conjunta de intenção de formar agrupamento caso sejam adjudicatárias.

Na proposta, deve ficar claro qual a empresa líder do consórcio (que será o interlocutor principal com a entidade adjudicante), qual a participação de cada empresa no contrato, e que competências cada uma aporta para o cumprimento dos requisitos.

Responsabilidade solidária

Este é o aspecto mais importante a compreender. Perante a entidade pública, todas as empresas do consórcio são solidariamente responsáveis pelo cumprimento do contrato. Se uma falhar, as outras têm de assumir.

Na prática, isto significa que deves escolher muito bem os teus parceiros de consórcio. A reputação e capacidade financeira de cada membro afecta todos. Um parceiro que não cumpre pode arrastar todo o agrupamento para problemas sérios.

Vantagens estratégicas dos consórcios

Acesso a contratos maiores

A vantagem mais óbvia é poder concorrer a contratos que sozinho não conseguirias. Se um concurso exige volume de negócios de €2 milhões nos últimos três anos, e a tua empresa faturou €800.000, podes juntar-te a outra com €1.5 milhões e cumprir o requisito.

Complementaridade de competências

Muitos concursos, especialmente em áreas como TI ou construção, exigem competências diversas. Uma empresa pode ser forte em desenvolvimento de software mas fraca em infraestrutura. Outra pode ter o inverso. Juntas, cobrem todo o espectro.

Partilha de risco

Contratos grandes implicam riscos grandes. Atrasos, imprevistos, penalizações. Num consórcio, o risco é partilhado entre os membros proporcionalmente à sua participação. Isto permite assumir projectos mais ambiciosos com mais segurança.

Aprendizagem e crescimento

Para PMEs mais pequenas, participar num consórcio liderado por uma empresa mais experiente é uma escola. Aprendes processos, metodologias, e ganhas referências que depois usarás para concorrer autonomamente.

Como escolher parceiros de consórcio

A escolha dos parceiros é provavelmente a decisão mais crítica em qualquer consórcio. Um mau parceiro pode transformar uma oportunidade em pesadelo.

Critérios de selecção

Reputação no mercado: Investiga o histórico dos potenciais parceiros. Consulta o Portal Base para ver contratos anteriores, se houve problemas, se cumpriram prazos. Fala com outras empresas do sector.

Capacidade financeira: Uma empresa com problemas financeiros é um risco enorme. Pode não conseguir investir na sua parte do projecto, pode falir a meio do contrato. Pede demonstrações financeiras, verifica certidões de não dívida.

Complementaridade real: O parceiro deve trazer algo que tu não tens. Se ambos fazem exactamente o mesmo, não há sinergia, apenas competição interna.

Cultura empresarial compatível: Vais trabalhar de perto durante meses ou anos. Se as culturas empresariais são muito diferentes (uma empresa muito formal, outra muito informal), vão surgir atritos.

Onde encontrar parceiros

Associações sectoriais: A maioria dos sectores tem associações empresariais onde podes conhecer potenciais parceiros. Participar em eventos, comissões de trabalho, é forma natural de construir relações.

Feiras e congressos: Eventos da indústria são oportunidades para networking estruturado. Muitos consórcios nascem de contactos feitos nestes contextos.

Concorrentes complementares: Por vezes, empresas que competem em alguns segmentos podem ser excelentes parceiras noutros. Uma empresa de Lisboa e outra do Porto podem competir localmente mas unir-se para contratos nacionais.

Estruturar o acordo de consórcio

Antes de submeter qualquer proposta conjunta, é essencial ter um acordo de consórcio bem definido. Este documento interno regula a relação entre os membros.

Elementos essenciais do acordo

Objecto e âmbito: Especificar exactamente para que concurso ou tipo de concursos o consórcio se forma. Pode ser para um procedimento específico ou para uma série de oportunidades.

Participação de cada membro: Percentagem de cada empresa no contrato, tanto em termos de trabalho a executar como de receita a receber. Isto deve reflectir o contributo real de cada um.

Empresa líder: Definir claramente quem lidera, que poderes tem, e como se tomam decisões que afectam todo o consórcio.

Repartição de custos e receitas: Como se dividem os custos de preparação da proposta (que podem ser significativos), e como se distribuem pagamentos recebidos.

Resolução de conflitos: Mecanismos para resolver desentendimentos. Arbitragem, mediação, ou tribunais. Definir isto antes de haver conflitos é muito mais fácil.

Saída e exclusão: Condições em que um membro pode sair ou ser excluído do consórcio, e consequências.

Embora para concorrer não seja obrigatório, ter o acordo de consórcio formalizado por advogado é altamente recomendável. Isto dá segurança a todos os membros e clarifica obrigações.

Algumas entidades adjudicantes pedem cópia do acordo de consórcio antes da assinatura do contrato. Ter este documento preparado profissionalmente evita atrasos.

Preparar a proposta em consórcio

Preparar uma proposta vencedora já é desafiante para uma empresa. Em consórcio, a complexidade multiplica-se.

Coordenação é fundamental

Definam desde o início quem coordena a elaboração da proposta. Normalmente é a empresa líder, mas pode ser outra com mais experiência em propostas públicas.

Estabeleçam cronograma claro com milestones. Quem entrega o quê, quando. Com múltiplas empresas envolvidas, atrasos de uma afectam todas.

Documentação de cada membro

Cada empresa do consórcio tem de apresentar a sua documentação de habilitação completa. Certidões, declarações, certificados. Garantam que todos os membros têm documentos válidos antes de começar a proposta.

Proposta técnica integrada

A proposta técnica deve mostrar como as competências dos diferentes membros se integram num todo coerente. Não pode parecer uma colagem de três propostas separadas.

Demonstrem que planearam a colaboração, que há interfaces claras entre o trabalho de cada empresa, e que o cliente terá uma experiência unificada.

Proposta financeira coordenada

O preço deve ser único e integrado. Internamente, cada empresa sabe qual a sua parte, mas para a entidade adjudicante há um preço total pelo serviço completo.

Atenção à competitividade. Consórcios às vezes ficam mais caros porque cada empresa quer a sua margem. Trabalhem em conjunto para optimizar custos e apresentar preço competitivo.

Execução do contrato em consórcio

Ganhar o contrato é apenas o início. Executar bem em consórcio requer coordenação contínua.

Gestão de projecto

Definam estrutura de gestão clara. Reuniões regulares de coordenação, reporting, pontos de contacto. A entidade adjudicante deve ter um interlocutor principal (a empresa líder) mas internamente todos devem estar alinhados.

Gestão financeira

Normalmente, pagamentos são feitos à empresa líder que depois distribui aos membros conforme o acordado. Definam prazos e procedimentos claros para esta distribuição.

Resolução de problemas

Problemas vão surgir. O importante é ter mecanismos para os resolver rapidamente sem escalar para conflito. Reuniões de resolução de problemas, escalação para gestão de topo quando necessário.

Erros comuns em consórcios

Escolher parceiros por conveniência

Juntar-se ao primeiro parceiro disponível só porque o prazo está a apertar é receita para problemas. Investe tempo a escolher bem, mesmo que signifique não concorrer a um procedimento específico.

Acordo de consórcio superficial

Um acordo de uma página que não prevê cenários de conflito vai revelar-se insuficiente quando surgir o primeiro desentendimento. Investe em acordo robusto desde o início.

Subestimar a coordenação necessária

Trabalhar em consórcio dá mais trabalho do que sozinho. Se não estás preparado para reuniões adicionais, comunicação constante, e alguma perda de autonomia, talvez não seja o modelo certo para ti.

Não definir claramente responsabilidades

Ambiguidades sobre quem faz o quê levam a trabalho duplicado ou, pior, a lacunas que ninguém cobre. Sejam específicos na divisão de responsabilidades.

Como a Vencer facilita consórcios

Identificar oportunidades adequadas para consórcio requer análise de muitos concursos em aberto. A Vencer monitoriza continuamente o mercado e pode alertar-te para procedimentos onde o consórcio faria sentido.

A nossa análise de requisitos identifica rapidamente que competências são necessárias, ajudando-te a perceber que tipo de parceiro procurar. Se um concurso exige certificação ISO específica que não tens, sabes imediatamente que precisas de parceiro certificado.

Além disso, a análise de concorrência mostra quem tem ganho contratos semelhantes. Se identificas uma empresa que ganha sempre num segmento complementar ao teu, pode ser um excelente parceiro.

Próximos passos para explorar consórcios

Se nunca participaste num consórcio, começa por identificar uma ou duas empresas complementares no teu sector. Marca conversas informais para explorar interesse mútuo. Não tens de ter um concurso específico em vista.

Analisa os próximos concursos relevantes para a tua área. Para aqueles cujos requisitos não cumpres sozinho, avalia se com parceiro seria viável. Começa a construir lista de potenciais parceiros para diferentes tipos de oportunidades.

Consórcios são ferramenta poderosa para PMEs que querem crescer no mercado de contratação pública. Usados estrategicamente, abrem portas a contratos que sozinho nunca alcançarias. O investimento em encontrar bons parceiros e estruturar bem a colaboração compensa-se nos resultados.

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